Pequenas Grandes Mentiras

setembro 04, 2020


 

        Se você não é de livros, muito provavelmente também já ouviu falar sobre Pequenas Grandes Mentiras há algum tempo atrás por conta da série que foi produzida pela HBO. Por ironias da vida, eu só consegui assistir ao primeiro episódio da série, logo depois, como não tinha mais HBO em casa – e quem me conhece sabe que não devo, não posso e não curto pirataria – acabei deixando pra lá e nunca segui na série. Eu tinha o livro por aqui, ainda da edição antiga com capa de livro, ainda bem, porque não gosto de capas de filmes ou séries, mas isso é papo para outro dia.

 

Com muita bebida e pouca comida, o encontro de pais dos alunos da Escola Pirriwee tem tudo para dar errado. Fantasiados de Audrey Hepburn e Elvis, os adultos começam a discutir já no portão de entrada, e, da varanda onde um pequeno grupo se juntou, alguém cai e morre. Quem morreu? Foi acidente? Se foi homicídio, quem matou?

Pequenas grandes mentiras conta a história de três mulheres, cada uma delas diante de uma encruzilhada.

Madeline é forte e decidida. No segundo casamento, está muito chateada porque a filha do primeiro relacionamento quer morar com o pai e a jovem madrasta. Não bastasse isso, Skye, a filha do ex-marido com a nova mulher, está matriculada no mesmo jardim de infância da caçula de Madeline.

 Celeste, mãe dos gêmeos Max e Josh, é uma mulher invejável. É magra, rica e bonita, e seu casamento com Perry parece perfeito demais para ser verdade.

Celeste e Madeleine ficam amigas de Jane, a jovem mãe solteira que se mudou para a cidade com o filho, Ziggy, fruto de uma noite malsucedida. Quando Ziggy é acusado de bullying, as opiniões dos pais se dividem. As tensões nos pequenos grupos de mães vão aumentando até o fatídico dia em que alguém cai da varanda da escola e morre. Pais e professores têm impressões frequentemente contraditórias e a verdade fica difícil de ser alcançada.
Ao colocar em cena ex-maridos e segundas esposas, mãe e filhas, violência e escândalos familiares, Liane Moriarty escreveu um livro viciante, inteligente e bem-humorado, com observações perspicazes sobre a natureza humana.


        Este é o segundo livro da autora, mas foi meu primeiro contato com sua escrita e como falei lá no início, antes de ler o livro já tinha assistido ao primeiro episódio da adaptação da HBO e isso foi um tanto quanto complicadinho pra mim aqui. A série tem como o trio de protagonistas Reese Witherspoon (Madeleine), Nicole Kidman (Celeste) e Shailene Woodley (Jane) e ela são simplesmente perfeitas para os papéis. E então por que isso complicaria a leitura? Foi uma experiência estranha porque eu conseguia vê-las nas falas do livro. Enquanto achei uma brilhante escolha de casting da série, por outro, acabei sentindo que fiquei limitada na criação destas personagens durante a minha leitura. Não consegui concebê-las por mim mesma.

        Bom, vamos falar da história. Desde o primeiro momento – até mesmo pela sinopse – sabemos que alguém morreu, mas não sabemos quem, nem muito menos se foi acidente mesmo ou o motivo. Acompanhamos então o desenrolar da história de algum tempo antes da data do acidente até a fatídica noite de Perguntas e Respostas da Escola Pirriwee.

        A leitura é fluída, mas confesso que demorei um pouco para entrar no clima. Não sei se é porque estava há tempos sem conseguir embarcar numa leitura realmente, ou se pelo excesso de informação que é despejada ao leitor no começo do livro e isso realmente chegou a me incomodar um pouco. De todo modo, acho que mais central do que o acidente, suspense e mistério em si, que acabam prendendo a atenção do leitor, sem dúvida, existe algo curiosamente importante nos personagens. A cada momento lidamos com a história da perspectiva de uma das três protagonistas e podemos entender em suas entrelinhas o quanto elas são complexas e a autora se permitiu abordar temáticas delicadas inerentes principalmente ao universo feminino, com o enfoque nelas, mas se analisarmos bem nessa história lidamos com comportamentos e relações humanas, como um todo. Além dos acontecimentos passados que nos levarão a desvendar o que aconteceu naquela noite, temos trechos intercalados de um bate-boca sem fim como parte do depoimento de outros pais de alunos da escola que também estavam no local. Não sei como o detetive permitiu aquilo, mas, nesse momento conseguimos enxergar como o ser humano é um ser ávido por falar da vida alheia, por mais que não tenha a menor ideia do que ou de quem esteja falando!

        Como um todo, a leitura me prendeu pelo mistério e curiosidade, mas como citei anteriormente o que realmente me chamou atenção foi a força que Liane atribuiu às personagens, principalmente mostrando que todos nós podemos ser uma muralha da porta pra fora, mas nunca se sabe que pequena grande mentira podemos carregar dentro de nós mesmos e ainda assim, tudo na vida pode ser suportável, se você tiver ao seu lado quem irá te fortalecer de verdade.

 

“Ela o amava tanto quanto o odiava? Odiava-o tanto quanto o amava?”

               

        Eu raramente me queixo das edições da Intrínseca. Realmente prefiro capas originais, do que as capas de filmes, então gosto muito da edição que tenho. Identifiquei apenas um errinho de edição, mas a minha edição era a primeira, publicada em 2015, creio que eles já tenham corrigido.

    

    Descontraída porém bem construída, uma leitura que te faz refletir se as coisas são realmente como se parecem e se a gente não passa dia após dia contando pequenas mentiras que podem se tornar uma grande parte de quem somos. 


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